Pensamento

"A poesia não é mais do que a memória de nossa pureza original". (Tristão de Ataíde)

4 de agosto de 2010

8ª Edição da Festa Literária de Paraty - Flip

Flip aposta na diversidade de culturas para o sucesso do evento


                No embalo da Copa do Mundo, algumas semanas após a final do campeonato, a 8ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) reunirá, entre 4 e 8 de agosto, uma verdadeira seleção das letras na cidade do sul fluminense. Serão 35 autores, de 14 diferentes países, reunidos em 19 mesas literárias e a conferência de abertura. De política e escravidão aos quadrinhos, das fábulas aos thrillers policiais, do ebook e ipad às letras de música, nada escapa à programação 2010 da Flip. Com um orçamento de R$ 6,3 milhões – verba que engloba o programa educativo desenvolvido ao longo de todo ano -, a Flip promete reunir mais de 20 mil pessoas em Paraty ao longo dos cinco dias de evento.
                 O público desta edição também será o mais diverso possível. Estarão reunidos, lado a lado, os leitores da chilena Isabel Allende, os jovens, de idade e de alma, fãs do roqueiro Lou Reed e do cartunista Robert Crumb, além de toda a comunidade acadêmica que tem nos historiadores Robert Darnton e Peter Burke os grandes nomes das discussões sobre mídia e o futuro dos livros. Sobre esse processo de transformação em que se encontra também o mercado editorial estará presente no debate o CEO da editora Penguin, John Makinson. “É justamente essa pluralidade que faz da Flip um dos encontros de literatura mais representativos. A riqueza está no encontro dessas vozes diferentes, na mistura que faz toda a diferença”, comenta o diretor de programação, Flávio Moura.
                  Um diálogo contínuo entre as edições, seja com o retorno de alguns autores ou com o desdobramento de temas a serem abordados nas mesas, também contribui para o sucesso da Flip. Em 2009, Richard Dawkins polemizou Paraty com sua visão cientificista da fé e da religião. Este ano, em resposta às teorias de Dawkins, a Flip traz um dos mais influentes críticos literários contemporâneos, o britânico Terry Eagleton, que irá contra-argumentar o ateísmo pregado pelo cientista.
                  Presente na 3ª edição, em 2005, o indiano Salman Rushdie volta à Flip para fazer o lançamento mundial de Luka e o fogo da vida (Companhia das Letras). O retorno de Rushdie reforça sua condição de autor-síntese de uma literatura multicultural. E é essa multiculturalidade o grande fio condutor desta Flip. O israelense Abraham B. Yehoshua e a iraniana Azar Nafisi, por exemplo, estarão juntos na Tenda dos Autores para um debate sobre o processo de paz entre árabes e israelenses. A cubana Wendy Guerra, que vive à sombra da ditadura castrista, e a brasileira Carola Saavedra, que escreve em plena democracia, irão partilhar suas experiências ficcionais como forma de se posicionar em relação ao mundo.
                   Da violência dos regimes políticos aos crimes nas páginas dos livros, a paulista Patricia Melo vai dialogar com a americana Lionel Shriver sobre os suspenses psicológicos e a criminalidade presente nas narrativas contemporâneas. As fábulas contemporâneas, que vão do sertão ao mundo underground paulistano, ficarão a cargo dos brasileiros Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Bracher. E a relação entre nacional e estrangeiro virá a tona na conversa entre o americano Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector, e o tradutor alemão Berthold Zilly.
                    Outro destaque desta edição da Flip é a programação voltada ao escritor homenageado, o sociólogo Gilberto Freyre. Além da conferência de abertura, com participação do sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e do historiador Luiz Felipe de Alencastro, serão três mesas dedicadas ao autor de Casa Grande & Senzala. Homenagem pensada pelo diretor de programação da Flip, Flávio Moura, em parceria com a historiadora Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke, que vai participar de um dos debates, reúne grandes estudiosos de Freyre. Edson Nery da Fonseca, Moacyr Scliar e Ricardo Benzaquen de Araújo irão discutir as grandes obras do sociólogo, na companhia de Berthold Zilly, que volta à tenda para dar seu olhar estrangeiro aos trabalhos de Freyre.
                     A contemporaneidade da obra de Freyre será o tema da mesa do sociólogo José de Souza Martins, do historiador Peter Burke e do antropólogo Hermano Vianna. As obras menos conhecidas de Freyre serão exploradas, com mediação da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, pelos estudiosos Maria Lucia Burke, Alberto da Costa e Silva e Angela Alonso. Para completar a homenagem, o show de abertura será todo dedicado e inspirado nas obras de Freyre. Com direção artística de Arthur Nestrovski, o Quarteto de Cordas da Academia Osesp e Edu Lobo farão um show único, especialmente produzido para a Flip.

Fonte: A4 Comunicação

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